O mês de Maio marcou a comemoração do Dia do Geógrafo, 29, e do Dia do Geólogo, 30. O período se mostra, então, propício a uma reflexão sobre a contribuição dessas áreas do conhecimento à Arqueologia. Há muito tempo já se concluiu que o saber não é uma “prateleira cheia de gavetas”. Talvez, a figura mais adequada para esta metáfora seja a árvore. Afinal, cada ramificação tem sua importância particular para a totalidade. Com a Arqueologia não é diferente. Para estudar os vestígios de povos antigos, contamos com o conhecimento produzido em outras áreas de estudo. É exatamente este o caso da Geografia e da Geologia. A relação entre essas ciências é tão estreita que permitiu até uma “fusão”, sugerindo uma quarta “ramificação” do conhecimento: a Geoarqueologia.

A Geografia, em suas duas abordagens principais, a “geografia humana” e a “geografia física”, permite analisar as ocupações humanas, levando-se em consideração a paisagem natural, possibilitando ainda uma contextualização espaço-tempo que desenha com mais detalhes o cenário social investigado. Já nas décadas de 70 e 80, autores como Butzer, Zapatero e Schiffer apontaram que realizar uma análise espacial é considerar o contexto de um artefato arqueológico como proveniente de uma associação de fatores, a saber: cultura, paisagem e locais onde a matéria prima é encontrada. Sendo assim, a Geografia contribui para que os achados arqueológicos, quando analisados em contexto mais amplo, para além de seus aspectos morfológicos, formem uma teia que se convencionou chamar de “cultura material”.

Já a Geologia, com suas técnicas de caracterização do solo, permite apontar respostas para questões sobre ocupação humana com base na composição química, estratificação e composição das camadas do solo. Uma grande contribuição desta área do conhecimento foi dada a partir da análise da composição de solos arqueológicos da região amazônica. Os estudos permitiram identificar o que viria a se chamar “Terra Preta Arqueológica” (TPA) ou “Terra Preta de Índio” (TPI). Trata-se de solos cuja composição química indica a ação indígena pré-histórica em sua formação. Rica em matéria orgânica, a TPI é conhecida por sua fertilidade e resiliência. Cabe destacar, aqui, o trabalho pioneiro da pesquisadora Dirse Kern. Usando o mapeamento geoquímico de sítios arqueológicos, ela definiu a forma hipotética dos aldeamentos indígenas, ao espacializar a distribuição de elementos químicos, principalmente o Cálcio e Fósforo.

Por isso, para a Habilis Consultoria, a integração entre essas áreas de conhecimento é sempre enriquecedora. Isso nos torna parte das comemorações destes dias tão importantes. Portanto, parabéns a todos os geólogos e geógrafos Brasil afora.

Share on FacebookShare on Google+Share on LinkedInPin on PinterestTweet about this on TwitterShare on TumblrDigg thisShare on RedditEmail this to someonePrint this page

Deixe um comentário